sábado, 8 de novembro de 2008

trapalhada?

Não, não gosto mesmo das palavras que se tornam moda barata, que alguém aqui ou ali repesca e depois todos passam a usar sem elegância e com enorme desfaçatez, como se lhes fosse natural fazerem-no antes.
O abuso das palavras que por isso chamo ocas faz-me de resto lembrar aquela história das bandeirinhas nacionais, exibidas aos milhões a propósito do futebol, que demasiada gente punha nas janelas e estendais sem respeito, até ficarem imundas e finalmente rasgarem-se, e que outros punham no encosto de cabeça do carro, ou até no tubo de escape (sim, vi uma vez), até ficarem pretas de caspas, óleos, fumos e sei lá que mais.
A palavra oca que mais me chateia ultimamente é "trapalhada".
Renasceu há poucos anos a propósito de um infeliz político (o nosso amigo Pedro Santana Lopes) e depois foi alastrando que nem um vírus.
No outro dia, no autêntico parlamento em que se transformou a minha assembleia de "condominus" (a última sessão consumiu quase 5 horas do meu fim-de-semana), até o vizinho do 3º B puxou pela "trapalhada" para caracterizar a actuação pouco simpática de outro vizinho.
Na minha raiva instintiva, estive tentado a puxar de uma sequência de palavras inauditas e jorrá-las para a assembleia, de modo a de uma vez arrasar com a tentação da "trapalhada". Mas já ia alta a madrugada e achei melhor perdoar-lhe.

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