Em S. Francisco, cerca de 1960, um esfomeado vagabundo comum especializa-se numa prática extraordinária: passa a visitar diariamente o caixote de lixo de uma gráfica cujo negócio "core" é imprimir cartões-convite para cerimónias de sociedade as mais variadas, sobretudo cocktails.
Compra um fato cerimonial, um "smoking", e dedica-se à tarefa incansavelmente, sempre o mesmo fato, sempre cerimónias novas, provavelmente provando de todos os pratos e bebendo de todas as garrafas.
Imagina-se depois que tenha convivido com todas as natas, sociais, económicas, artísticas, eventualmente a algumas ouvindo segredos e inconfidências, tricas e filosofias.
Dos excessos em que assim incorreu estômago antes tão sóbrio e económico nasce-lhe uma úlcera extremamente agressiva, que no fim de mais uma longa noite o vitima fulminantemente.
Esta história foi depois conhecida, porque uma bela manhã, na estação de comboios de S. Francisco, apareceu um homem de "smoking" morto, de barriga para baixo, sem identificação no bolso, mas com um convite para uma glamorosa cerimónia ocorrida nessa mesma noite.
O New York Times publicou a notícia da morte de personalidade misteriosa e alguém depois investigou e descobriu isto. Uma bela história triste contada ontem na rádio por William C. Gordon, marido de Isabel Allende.
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