sexta-feira, 30 de novembro de 2007

diz Rui Tavares ("PÚBLICO" de ontem), sobre liderança

"O CAMPO DE DISTORÇÃO DO REAL

Diz-se que os líderes carismáticos conseguem produzir uma coisa chamada "campo de distorção do real". O líder entra na sala, faz um discurso, fala do futuro, e o pessoal não só acredita, como se sente já experimentando esse mesmo futuro. Depois o chefe vai embora, e a realidade continua. Às vezes muda, às vezes não; a maior parte das vezes muda pouco ou quase nada.
Isso não quer dizer que o "campo de distorção do real" seja puramente ilusório e, em consequência, inútil. Pelo contrário. É bom ouvir falar de como as coisas podem vir a ser. Por vezes, a partilha colectiva dessa esperança pode fazer a realidade pegar de empurrão.
Na maior parte das vezes, porém, a realidade é uma coisa intratável.
O líder vai abusando da sua capacidade de convencer o público e o seu campo de distorção vai perdendo força. A certa altura ninguém acredita nele; nem sequer o próprio líder. (...)"

Interessante.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Hoteis em bico...



Caros membros e demais visitantes,

Na medida em que vi e vejo desprezado aquele apelo para uma mobilização para a noite do reveillon, serve o presente para vos comunicar que o local que tinha (e tenho) em mente para que passássemos juntos tal noite, era (e é) aquele que a foto ilustra.

Se me quiserem encontrar na noite do 31.12, já sabeis...

Ahhhhh agora já interessa analisar o tema, pois é... temos pena.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Protejer a vida, um valor precioso!

Muito bom mesmo!!!... A vida tem mesmo um valor precioso!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A EDP e as blogisses




Este fim de semana "científico" (decorreu o final oficial da semana da ciência) decidi voltar às minhas lides culturo-cientificas e visitar um local que à muito desejava visitar e sempre fui adiando por esta ou aquela razão, falo do Museu da Electricidade. Pais e Mães e outros que tais, vale de facto a pena sobretudo se devidamente acompanhado pelos cicerones que a EDP disponibiliza para a cerca de uma hora que demora o evento. Tentem-se, vão gostar...

PS: Parece que o nosso Clube já contagiou também o meu júnior e tenho mais esta sina de acompanhar um blog mais, o http://sitiodovijo.blogspot.com/. Convido-vos, passo a imodèstia e a baba, para uma visita.

Olhá Ferramenta!! ;)

E se de repente vissem uma coisa destas?... Também acreditavam?

Sweeny Todd - O Terrível Barbeiro de Fleet Street

Na passada 6ª feira fui pela 1ª vez ao Teatro Aberto! Por incrível que pareça nunca lá tinha ido! É um teatro simpático e tem agora em cena um espectáculo muito interessante na sala azul "Sweeny Todd", adaptação do famoso musical de Stephen Sondheim.

Sweeney Todd é um thriller musical cheio de acção e emoção, com momentos de comédia, tensão dramática e crítica social que lhe conferem as características espectaculares do teatro total.
Na interpretação encontramos nomes como Carlos Guilherme (conhecido tenor português), Henrique Feist, Mário Redondo e Ana Ester, entre outros. A acompanhar todos eles está uma orquestra ao vivo de 10 músicos, 12 actores/bailarinos e 16 coralistas. A dupla de actores principais, muito bem acompanhada pelos restantes, é de tal forma fantástica que após uns primeiros 15 minutos menos brilhantes, faz com que as 2h e 45m de espectáculo se revelem bastante gratificantes.

Sinopse: Depois de anos passados nas galés devido a uma condenação injusta, Sweeney Todd regressa a Londres para procurar a mulher e a filha e se vingar daqueles que lhe destruíram a vida. A sua vingança manifesta-se em múltiplos crimes que o tornam conhecido como "o terrível barbeiro de Fleet Street". Mrs. Lovett , inquilina do mesmo prédio, torna-se sua comparsa, aproveitando os restos mortais das vítimas para fazer empadas que de tão deliciosas ganham fama na cidade de Londres.

Esta história foi-me contada como verdadeira num passeio nocturno que fiz pelas ruas de Londres... Será????

sábado, 24 de novembro de 2007

Crónica duma polémica anunciada

Aqui temos uma Polémica à antiga. Vasco Pulido Valente vs Miguel Sousa Tavares.

Estava anunciada, mas não se sabia quando iria estoirar.

Tinha havido uns tiritos, coisa pouca, nas entrevistas ao Expresso que ambos tinham dado nas últimas semanas, mas faltava a primeira bomba.

Pois este sábado, no jornal Público, Vasco Pulido Valente "deu uma tareia, uma autêntica sova" no «Rio das Flores», último livro do Miguel Sousa Tavares.

Algo me diz que isto vai aquecer e espera-se ansiosamente pela resposta de MST.

Se isto animar a sério pode acabar tudo à pancada, apesar de VPV no seu artigo deste sábado terminar assim: «Uma última observação: discuti neste artigo um livro e um autor, não estou disposto a discutir a minha pessoa ou a pessoa de Sousa Tavares».


Rio das Flores Vale pouco ou nada como romance histórico, é pobre e vulgar como romance de família

24.11.2007

Pedimos a Vasco Pulido Valente que lesse Rio das Flores, o último livro de Miguel Sousa Tavares. O romance conta a história de uma família de latifundiários alentejanos na primeira metade do século XX. O historiador, especialista da República, não gostou e diz que o escritor não ilumina a época nem a percebe

Numa entrevista ao Expresso, Miguel Sousa Tavares contou um caso, inteiramente imaginário, da minha suposta desonestidade (teria criticado o Equador, sem o ler) e acrescentou alguns comentários desagradáveis. Como é natural, desmenti. Isto bastou para que ele anunciasse por SMS à minha mulher e, a seguir, no Diário de Notícias que "ia dar cabo de mim". Parece que, segundo o critério dele, não "deu", por esta vez, "cabo de mim". Ficou pelo insulto e pela injúria; e pela ameaça implícita de que, se quisesse, revelaria episódios da minha vida pessoal (cinco ou seis) para liquidar a minha figura pública. Nestas digressões Miguel Sousa Tavares não falou uma única vez de um livro meu ou do meu jornalismo. Excepto sobre o meu "carácter" privado, não abriu a boca. Em cinquenta anos, não me lembro de encontrar um ódio tão inexplicável. Fiquei espantadíssimo e até, num encontro de acaso, lhe tentei falar, para o ouvir e, como lhe disse, para lhe poupar no interesse dele uns tantos disparates no Rio das Flores. Não quis.
Escrevo esta crítica sem prazer. Nada pior do que ler um livro mau, excepto escrever sobre um livro mau. Mas, como se compreende, não podia deixar que a brutalidade de Miguel Sousa Tavares chegasse para me calar.

Preâmbulo

Uma ficção histórica (um romance), como a história, interpreta o passado. Ao contrário da história, pode inventar um passado, onde as fontes são omissas ou parciais. Pode deformar coerentemente o passado (dentro de limites), atribuindo, por exemplo, uma mentalidade moderna a personagens da Antiguidade ou da Idade Média. O que não pode é desconhecer e falsificar o passado ou dar dele versões falsas, simplificadoras ou propagandísticas. Convém, por isso, no caso do Rio das Flores, partir deste ponto elementar. Tanto mais que Sousa Tavares anuncia na badana que o livro assenta num "minucioso e exaustivo trabalho de pesquisa histórica".

Opiniões

Rio das Flores é a história de uma família de latifundiários do Alentejo entre 1915 e o fim da II Guerra: do pai (Manuel Custódio, que morre ao princípio do livro), da mãe (Maria da Glória), dos dois filhos (Diogo, o herói do romance, e Pedro, o seu contraponto), da mulher de Diogo (Amparo), da amante de Pedro e da segunda mulher de Diogo. Pelo livro perpassam outras criaturas, sempre de uma convencionalidade absoluta, que pouco vão além do nome, ou da etiqueta, e se esquecem imediatamente. Mesmo as personagens principais são pouco densas, sem complexidade ou interesse. Através da família dos Ribera Flores, o Rio das Flores pretende ser uma meditação política sobre a primeira metade do século XX. É bom por isso saber, um a um, o que têm dentro da cabeça e, sobretudo, o que tem dentro da cabeça Miguel Sousa Tavares: uma distinção muitas vezes difícil de estabelecer.
a. Opiniões de Manuel Custódio sobre a República - Claro que não tratarei aqui de opiniões, que servem para "caracterizar" Manuel Custódio como "personagem": uma regra que apliquei a Diogo e a Pedro. Só me interessam aquelas que revelam os conhecimentos dele ou, se preferirem, o grau de consciência da situação em que vive.
Manuel Custódio acha, por exemplo, que "as despesas da corte no tempo de Monarquia" eram ridículas comparadas com "o desperdício de dinheiros públicos do governo do dr. António José de Almeida - "o rei dos demagogos, o maior vendedor de feira que este país já conheceu"". Sendo que António José de Almeida foi presidente do Conselho entre Março de 1916 e Abril de 1917, quando Portugal entrou em guerra e se organizou o Corpo Expedicionário para a França, a comparação não faz sentido, nem (como no caso) numa querela de café.
Manuel Custódio acha que a República queria proibir "os padres de andar vestidos de padres". A República proibiu o uso de vestes talares na rua, isto é, de vestes que chegassem ao calcanhar (do latim: talus, calcanhar): numa palavra, a batina. Não proibiu o fato preto e o cabeção (ou volta), e a coroa, que identificavam perfeitamente os padres.
Manuel Custódio acha que vai "ganhar quem eu disser ou quem disser aquele pateta do Joaquim Gomes, o cabo eleitoral dos republicanos em Estremoz. É só esperar para ver qual de nós dois está disposto a gastar mais dinheiro com a eleição e depois contam-se os votos - se não houver chapelada deles". Isto mostra, numa cápsula, que Manuel Custódio não compreendia os mecanismos eleitorais da República, na prática um regime de partido único, o Partido Democrático. Nesse ano, 1921, ganhou a maioria o Partido Liberal por decisão de António José de Almeida (na altura Presidente da República) e com o acordo do Partido Democrático: o que, de resto, levou rapidamente ao assassinato do presidente do Conselho, o "liberal", António Granjo. Daí para frente, como desde 1911, o Partido Democrático ficou sempre, como antes, com a maioria no Parlamento e no Senado e Estremoz nunca elegeu um deputado monárquico.
Suponho que isto basta para indicar a natureza e a perspicácia das discussões políticas nos jantares de Manuel Custódio.
b. Opiniões de Diogo sobre a República - Como notei atrás, é difícil separar Diogo de Miguel Sousa Tavares. Seja como for, trato aqui só de opiniões que Miguel Sousa Tavares resolveu atribuir a Diogo e que não servem directamente para o "definir".
Escreve Sousa Tavares: "Diogo (...) não gostava de ser tratado por morgado, esse título que se referia ao iníquo sistema sucessório em que filho varão mais velho herdava tudo, como forma de defesa da propriedade familiar, evitando a sua divisão entre vários herdeiros. A República pusera fim legal aos morgadios e ele, embora tivesse saído pessoalmente a perder, estava de acordo." A Monarquia "pusera fim legal" ao último morgadio em 1863, com excepção da Casa Real. Nem Diogo, nem o pai, nem o avô, nem o bisavô, nem o tetravô repararam na coisa.
Diogo acha que a República instituiu "o sufrágio universal". A República notoriamente não instituiu o sufrágio universal. A lei eleitoral de 1911 deixava votar os maiores de 21 anos que soubessem ler e escrever ou que fossem chefes de família há mais de um ano. Infelizmente, na "eleição" de 1911 não se votou, por pressão do Partido Republicano, em quase metade dos círculos. Pior ainda, nos círculos em que se votou, bandos de terroristas "fiscalizaram" o acto. Na eleição seguinte, em 1913, o Partido Democrático restringiu o voto a maiores de 21 anos, do sexo masculino e letrados: um corpo eleitoral mais pequeno do que o da Monarquia. A República não podia, como é óbvio, deixar votar o povo analfabeto do campo, que obedeceria ou se "venderia" aos "caciques" monárquicos. Até 1926 (com a excepção do "sidonismo"), o regime de 1913 praticamente não mudou.
Diogo acha que a República decretou "o divórcio para quem não é católico". A República, de facto, decretou o divórcio para quem era ou não era católico, para quem se casara pelo registo civil ou pela Igreja. Mas são subtilezas que excedem Diogo.
Diogo acha (ou parece achar) que a República foi uma democracia. A um amigo pergunta: "Os portugueses livraram-se de uma ditadura (a Monarquia) e, menos de vinte anos depois, já querem outra (a ditadura militar)." E, durante o pronunciamento republicano de 1937, pensa que em breve se irá restabelecer a "legalidade democrática". Verdade que Diogo tem ideias muito estranhas sobre a Monarquia e era muito novo em 1910. Mas não conseguir ver, aos 27 anos, o que toda a gente via, ou seja, que a República não passara da ditadura do Partido Democrático (de que ele mesmo, de resto, se gabava) e que não existira legalidade alguma, excede a ignorância permissível.
Diogo acha, enfim, que é (ou foi) "um monárquico constitucionalista". Esperemos que tenha querido dizer "constitucional".
É com uma personagem desta lucidez que temos de acompanhar a história política de Portugal, de Espanha, do resto da Europa e do Brasil durante 608 páginas. É principalmente através dele que o leitor é convidado a "ver" a ditadura, a liberdade e o destino do mundo.
c. Opiniões de Miguel Sousa Tavares sobre a Monarquia e a República - Quando aqui me refiro a Miguel Sousa Tavares deve ser claro que me refiro ao narrador. Incumbia, em princípio, ao narrador alguma exactidão e alguma subtileza interpretativa. Vamos por partes.
Começa por que Miguel Sousa Tavares, como Diogo, tem uma ideia insólita da Monarquia. Sousa Tavares acha que uma "aristocracia caduca e inculta" dominava a Monarquia: os "marqueses de berço" e os "condes de ocasião". Desde 1871, ou seja, nos cinquenta anos que precederam a República, estiveram no governo, entre dezenas de ministros, 2 marqueses, 3 condes, 3 viscondes. Excepto Sabugosa (um ano no Ministério da Marinha), nenhum "de berço", todos "de ocasião". Havia, claro, muita gente de "boas famílias de província" ou da classe média de Lisboa e do Porto, em geral com pouco dinheiro, que mandara estudar os filhos. E uma apreciável quantidade de self-made men. De uma "aristocracia caduca e inculta" a governar o país nem os próprios republicanos se queixavam.
Sousa Tavares acha que existiu um "poder autocrático e distante" nos "últimos tempos da Monarquia". Poder de quem? Dos partidos? Do rei? E quando? Durante a crise de 1891-1893? Durante os meses da "ditadura" administrativa de João Franco? A "descrição" é vácua: e falsa.
Sousa Tavares acha que "os grandes capitalistas (...) tinham mantido cativa a Monarquia, trocando créditos à Casa Real por concessões de monopólios e oportunidades de negócio nas colónias de África". Os governos vigiavam os dinheiros do rei, vintém a vintém. João Franco publicou (com injusto escândalo) as contas todas. Nem o mais remoto vestígio de evidência permite a Sousa Tavares dizer o que disse. E nem o Partido Republicano, indiferente à calúnia, se atreveu a ir tão longe.
De resto, as noções de Sousa Tavares sobre a República são vagas. Acha que foi um regime "dissoluto, deliquescente" e "que parecia sem rumo" (o que não quer dizer absolutamente nada). Acha que "abandonou à sua sorte as colónias de África por absoluta incapacidade de gestão" (um erro óbvio) e acha que se "arruinou na aventura militar da Flandres" para conservar o Império Português (tese contestada e hoje abandonada). Acha que a República fez do "clero regular, e em especial dos Jesuítas, o seu principal inimigo" (não existiam em Portugal mais de uma centena ou duas de Jesuítas no 5 de Outubro) e que "insinuou tréguas" ao clero regular, "em troca de apoio". Não lhe ocorreu sequer que a Lei de Separação, que tenta "explicar" (com vários erros pelo meio), se dirigia na essência ao clero regular. Nada disto é para levar a sério e não contribuiu remotamente para que alguém perceba a República.
Mas Sousa Tavares não pára aqui. Acha, por exemplo, que a República confiscou os bens dos "aristocratas exilados" (não confiscou) e que o Papa "se apressou a publicar uma encíclica contra ela" (não publicou uma encíclica, publicou uma bula, que repetia a doutrina pouco antes estabelecida para França) e que deu "instruções secretas aos bispos portugueses com vista a uma resistência clandestina como no tempo dos primeiros cristãos de Roma" (!!!). Vale a pena comentar?
d. Opiniões de Pedro - Pedro, graças a Deus, quase não fala. Expele tiradas de propaganda, com frequência completamente anacrónicas (mas não se pode pedir muito). É o contraponto da direita de que Diogo precisa. Não adianta, nem atrasa.

Resumos
de "História"

Como o Rio das Flores vai de 1915 ao fim da II Guerra, Sousa Tavares é obrigado a entremear a vida dos Ribera Flores, com resumos do que sucedeu em Portugal e no mundo. Estes resumos seriam sempre uma simplificação. Com Sousa Tavares, são, além disso, de um primarismo, de uma banalidade e de uma ignorância, que não permitem o mais vago entendimento do que se passou. Tanto mais que o narrador resvala constantemente para a retórica da indignação pré-"25 de Abril" e de quando em quando faz digressões de uma extraordinária irrelevância, para exibir a sua virtude ou a sua cultura, ou simplesmente porque lhe pareceram "engraçadas". Não se procure aqui a história ou "atmosfera" dos anos 20, 30 e 40. Segue, para guia do leitor, a lista dos resumos:
A Ditadura Militar, Salazar e o Estado Novo - Com erro atrás de erro, não há lugar-comum que Sousa Tavares nos poupe sobre o "28 de Maio", a personalidade de Salazar e a perversidade do Estado Novo. Infelizmente, como não compreendeu a República, não consegue compreender Salazar, nem os mecanismos por que tomou e consolidou o poder. O narrador repete a evidência de que o exército e a Igreja apoiaram Salazar: não esclarece nem como, nem porquê. E não lhe ocorre que a liquidação política do liberalismo e do radicalismo a favor do "viver habitualmente" (cujo significado essencial lhe escapa) implicasse mais do que a polícia e a censura.
O pronunciamento de Fevereiro de 1937 - O narrador não trata dos motivos corporativos do pronunciamento ou da sua natureza política. Resolve contar o episódio, em que Diogo nem sequer participa, porque sim.
Política espanhola até 1936 - Diogo explica incontestavelmente o que o narrador pensa: "Houve eleições (em 1931), ganharam os republicanos e socialistas e há um governo legítimo em funções. Um governo escolhido pelo povo: conhece melhor alternativa para governar os povos?" Em 1932, torna a dizer o mesmo. Talvez seja apropriado observar que em 1931 e 1932 já a Espanha estava em guerra civil larvar.
A Guerra Civil de Espanha - Miguel Sousa Tavares escreve que a Frente Popular ganhou a eleição de 1936 por 150.000 votos, uma margem ridícula. Se tivesse lido Hugh Thomas com atenção (vem na bibliografia), saberia como esse número é enganador e artificial. Não leu ou não se ralou. O título do primeiro grande "clássico" sobre a Guerra de Espanha é O Labirinto Espanhol. Mas Miguel Sousa Tavares não perde tempo com complexidades. Num único parágrafo descreve (mal) as razões políticas da guerra e segue para uma reportagem truncada e tosca da conspiração e do levantamento militar. Por necessidade narrativa (Pedro vai para Sevilha para combater na Legião Estrangeira), conta em mais pormenor o "golpe" de Queipo de Llano em Sevilha e, com um enorme buraco pelo meio, a campanha nacionalista até Madrid, onde Pedro é ferido.
Desta prosa atrapalhada e confusa, sobra uma pérola. Cito: "No lado oposto, pontificava o socialista de esquerda Largo Caballero, um político populista e demagogo (...). "A revolução a que aspiramos - dizia ele, sem medir as palavras - só terá sucesso através da violência."" Isto sobre um homem a quem chamavam desde 1933 o "Lenine de Espanha, um homem que organizara e declarara a greve geral revolucionária de 1934 (a chamada "revolução de Outubro) e que já expressamente ameaçara antes com a guerra civil : "não media as palavras". Isto sobre o chefe de um partido, cujo programa, entre outras coisas, reclamava: a nacionalização da terra, a dissolução e expropriação das ordens regulares, a dissolução do exército e a dissolução da Guarda Civil: "não media as palavras".
A política de não-intervenção - O narrador volta à denúncia (indignada, claro) da política de não-intervenção. Tal qual como se Blum (a Frente Popular Francesa) e a Inglaterra fossem absolutamente livres de intervir e tivessem escolhido não o fazer. Não eram e seria aqui inútil demonstrar por quê. Mas três observações de Miguel Sousa Tavares merecem (pelo absurdo) um comentário.
1.ª Sousa Tavares escreve: "De início, o ditador comunista (Estaline) não parecia muito inclinado a envolver-se no conflito espanhol, mas a enorme pressão exercida pelo Komintern acabou por forçá-lo a mudar de política." Se, em 1936, algum membro do Komintern manifestasse a mais ligeira discordância de Estaline, seria imediatamente morto, se estivesse na URSS, ou expulso do partido, se não estivesse. Miguel Sousa Tavares não sabia isto?
2.ª Sousa Tavares escreve, glosando o tema: "Depois de duas décadas a pregar o "internacionalismo proletário", os comunistas de todas as partes do mundo não conseguiam compreender como é que a "Pátria do Socialismo" poderia assistir de braços cruzados a um conflito onde um povo em armas pela Revolução Socialista enfrentava uma coligação de todas as direitas, apoiada por Hitler e Mussolini." Os comunistas não conseguiam compreender? Não tinham compreendido o terror no Partido da União Soviética, os julgamentos de Moscovo (e ainda em 1936 os de Zinoviev e Kamenev), a mudança na Alemanha e na França da estratégia "classe contra classe" para a estratégia "frente popular"? Não iriam compreender o pacto germano-soviético em 1939? Miguel Sousa Tavares não sabia disto?
3.ª Sousa Tavares escreve: "Graças ao trabalho de sapa do embaixador em Espanha, Teotónio Pereira, e à sua facilidade em chegar junto a Franco, foi possível (...) conter os ímpetos expansionistas do ministro (dos Negócios Estrangeiros e antes do Interior) espanhol (Serrano Suner) e a sua tentação de estender o Reich à Península Ibérica. / Este foi o primeiro objectivo de Salazar na pasta (dos Negócios Estrangeiros) e teve sucesso." Miguel Sousa Tavares engole aqui (anzol, linha e cana) a propaganda salazarista. Franco nunca quis qualquer aliança com Hitler como provam à saciedade as condições proibitivas que lhe pôs no encontro de Hendaye (1940). Hitler também não queria a expansão da Alemanha para sul, como escreveu no Mein Kamppf , nem a "estratégia de ofensiva no sul", como mostrou em 1940 e 1941. Em Hendaye, queria que a Espanha expulsasse a Inglaterra de Gibraltar, sozinha ou com uma pequena ajuda, e sem compensações territoriais, susceptíveis de incomodar a Itália e a França de Vichy, coisa que Franco naturalmente recusou. Nem Salazar, nem Teotónio Pereira contribuíram fosse o que fosse para a neutralidade da Península.
Política externa de Salazar - Sobre a política externa de Salazar é ocioso insistir. A neutralidade de Portugal convinha aos dois lados. As pequenas cedências aqui e ali (volfrâmio, Açores) como a zanga com Armindo Monteiro, embora parte do folclore da velha oposição, não têm qualquer espécie de significado. Um ponto, no entanto: ao contrário do que Sousa Tavares parece pensar (ou leva o leitor a pensar), Salazar deu "total liberdade" a todos os "serviços de espionagem" e não só aos alemães.
Política brasileira - Por causa da progressiva emigração de Diogo para o Brasil, há em Rio das Flores dezenas de páginas sobre política brasileira (e mesmo sobre a economia do café), que não sou competente para avaliar. De resto, se o assunto me interessasse, e duvido que interesse alguém em Portugal, escolhia outro livro. Com este (que li e reli), não aprendi nada.

Cronologia

Miguel Sousa Tavares reconhece, numa "nota final", que tomou algumas liberdades com a cronologia. O que não interessaria muito, se elas não afectassem a substância da intriga. Mas neste caso afectam. Duas vezes.
1.ª Miguel quer "mover" Diogo para o Brasil. Diogo é proprietário de uma firma de import-export, que um judeu alemão, Gabriel Matthaus, representa no Brasil. Em Dezembro de 1935, Gabriel vai ver a família à Alemanha e, segundo Sousa Tavares, fica oficialmente impedido de tornar a sair. Ora, excepto se Gabriel fosse por qualquer razão um "suspeito" político (coisa que o livro não menciona), em 1936 podia ainda deixar a Alemanha, embora sem dinheiro ou praticamente sem dinheiro (o que o prejudicava relativamente pouco porque vivia da empresa do Brasil). Entre 1933 e 1937, emigraram 87.000 judeus alemães dos 437.000 que continuavam no Reich: 25.000 em 1936 (o ano em causa) e 23.000 em 1937. Verdade que em 1937, não em 1936, o Brasil fechou as portas à emigração judaica, mas ficaram Cuba, a Colômbia, a Venezuela e o México, onde era depois possível arranjar um "visto" para outro destino. A situação de Gabriel serve principalmente para "avançar" a intriga do romance (Diogo parte para o Brasil para o substituir) e para uma breve, e como sempre distorcida e primária, referência ao Holocausto. Esta espécie de "habilidade" cronológica não é venial, nem aceitável.
Mas, antes de passar à frente, não resisto a uma transcrição, típica da maneira como Sousa Tavares escreve sobre o mundo: "No mês anterior", declara ele, "Hitler anexara a Renânia ao Reich, fazendo tábua rasa dos Acordos de Versalhes, que haviam estabelecido a região como zona desmilitarizada." Hitler não anexou a Renânia, porque a Renânia era parte do Reich. Hitler militarizou a Renânia, coisa que o Tratado de Versalhes de facto proibia. Quase tudo o que Sousa Tavares diz sobre Hitler e o nazismo é assim: errado, aproximativo ou confuso.
2.ª Lá mais para o fim do livro, Sousa Tavares tem o problema contrário: a intriga exige que Diogo fique no Brasil. Como resolver a coisa? Sousa Tavares inventa que a partir do começo da guerra (Setembro de 1939) não existia maneira de atravessar o Atlântico em segurança. Existiu, pelo menos, durante um ano, até Julho de 1940, e em rigor até Julho de 1941, para navios de passageiros com bandeira neutra, que viajavam para portos de países neutros. Centenas de milhares de pessoas foram nessa altura para a América do Sul e para a América do Norte, sem uma perda, e os barcos voltavam para a Europa meio vazios.
Mas com este truque Sousa Tavares faz com que Diogo não venha para Portugal contra a sua vontade, porque isso é essencial à intriga e à "definição" da personagem. Imagino que um iletrado (a maioria dos leitores) acredite piamente em Sousa Tavares.

O uso das fontes e "peças de jornalismo"

Para além das "meditações" sobre política (sob forma de polémica ou não), Sousa Tavares precisa de "encher" o romance, de o "enchumaçar". Para isso, usa fontes. Na história, como na ficção histórica, as fontes devem servir para suportar uma narrativa ou um argumento, esclarecer um ponto obscuro, excepcionalmente para uma descrição com valor alegórico, metafórico, simbólico, analítico ou dramático. Nunca devem servir para uma simples paráfrase ou como uma espécie de reservatório de elementos decorativos, para dar "cor" a um episódio, à maneira do jornalismo de "revista". Infelizmente, é assim que Sousa Tavares sistematicamente as usa. Há passagens que quem se deu ao trabalho de ler a bibliografia percebe muitas vezes donde foram "tiradas". Segue uma lista:
1.º Uma tourada em Sevilha. Sousa Tavares não estava com atenção quando "estudou" a fonte e confunde a capa (ou capote) com a muleta. Daí em diante é o puro disparate.
2.º História abreviada do Palácio Real de Estremoz.
3.º Descrições de vários automóveis.
4.º Descrição do voo de um Zeppelin sobre Lisboa. 5.º Opiniões do embaixador inglês (em 1929) e do sr. R.A. Gallop sobre os portugueses.
6.º Breve história do restaurante Tavares Rico.
7.º O cinema em Lisboa no princípio dos anos 30.
8.º Descrição dos efeitos da crise de 1929 em Portugal.
9.º Descrição de um Zeppelin.
10.º Descrição e história do hotel Copacabana Palace.
11.º Nova descrição de hotéis e de alguns cafés frequentados por intelectuais no Rio.
12.º Preparativos para a Exposição do Mundo Português e obras da referida Exposição.
13.º Economia do café no Brasil.
14.º Descrição e história da fazenda Águas Claras.
15.º Diatribe contra intelectuais brasileiros que colaboram com Getúlio Vargas.
16.º Algumas notas sobre a família Werneck.
17.º Descrição e história da cidade de Vassouras.
18.º Descrição da querela entre Salazar e Armindo Monteiro.
19.º História da demissão do vice-cônsul de Portugal em Vichy (depois de preso pela Gestapo), recomendada por um terceiro secretário de embaixada, Emílio Patrício.
A maior parte destas digressões não tem qualquer função na narrativa: não passa de um ornamento "colado" à narrativa. E a pequena parte que tem uma função podia ter sido reduzida a uma frase ou a meia dúzia de linhas. Sousa Tavares não diz nada indirectamente: não sugere, não insinua, não omite. Não escreve como quem escreve um romance, escreve como quem escreve um relatório: directamente, com a mesma luz branca e monótona para tudo.
Lendo o Rio das Flores, uma pessoa sente claramente quando entrou a "ficha" (de informação) sobre isto ou sobre aquilo. E o peso das fichas torna o livro pueril como um "trabalho de casa". Mas também o desequilibra. A interminável quantidade de páginas sobre, por exemplo, os Zeppelin, a política brasileira (em que Diogo não participa) ou as belezas de Vassouras são meras curiosidades, que estão ali porque estão, e atenuam ou dissolvem a já fraca intensidade do romance.

Comida

No Rio das Flores há 17 descrições de comida. Dessas 17 só quatro ou cinco (e com muito boa vontade) se justificam.

Sentenças

De quando em quando, Sousa Tavares gosta de dar a sua sentença. Para apreciar a sua profundidade e a perspicácia, aqui vão algumas:
1.º "... O Corpo Expedicionário Português fora dizimado em dois dias de Abril à mais imbecil estratégia militar de todos os tempos - a chamada guerra das trincheiras..." Morreram 9 milhões de pessoas porque ninguém (pelo menos tão inteligente com Sousa Tavares) descobriu que a guerra de trincheiras era imbecil.
2.º "... numa Europa ainda mal refeita dos efeitos catastróficos da imbecil guerra de 14-18..." E pensar a gente que se gastou tanto tempo a tentar perceber uma "imbecilidade".
3.º "... toda a elite nacional de então, continuava a alimentar a lenda do regresso desse patético rei D. Sebastião - o mais imbecil, incompetente e irresponsável governante de toda a história de Portugal." Isto é o que Sousa Tavares compreende de D. Sebastião e do sebastianismo.
4.º "... o poeta (Fernando Pessoa) retirava-se (...) dedicando-se (...) à escrita da mais extraordinária obra literária que Portugal alguma vez tivera." Nada de discussões.
5.º "A lista dos intelectuais que militaram pela causa da esquerda espanhola era absolutamente impressionante - não havia, praticamente, um escritor, um músico, um filósofo prestigiado, um Prémio Nobel, que lá não figurasse..." Palavra de honra?
Estes juízos não são percalços, são sinais particularmente cómicos da imaturidade e presunção que permeiam o livro inteiro.

"Personagens"

Como escrevi acima, anda muita gente pelo Rio das Flores: que sai e entra, com uma identidade qualquer e se esquece imediatamente. Na família Ribera Flores, que ocupa o centro da história, as mulheres, Maria da Glória e Amparo, são meros comparsas, de uma confrangedora convencionalidade. Nada de essencial as distingue uma da outra. Literariamente, não existem.
Diogo, o herói principal, é, por um lado, uma colecção de opiniões: representa a inquietação democrática. E, por outro, uma colecção de decisões arbitrárias e de paixões melodramáticas: representa a inquietação existencial. Mas, como só vê e só percebe a superfície dele próprio, do mundo e das pessoas, nunca chega a interessar ou a comover. Não passa de um artifício.
Pedro, o irmão, representa a tradição do latifundiário alentejano e a reacção política. Serve de contraponto a Diogo. Consegue ser um pouco mais "real" do que Diogo. Mas, sendo do princípio ao fim uma "personagem" esquemática e, por isso mesmo, previsível, não é convincente.

Como escreve
Sousa Tavares

Como escreve Sousa Tavares? Sousa Tavares não tem um "estilo", se entendermos por "estilo" uma forma característica de escrever. Sousa Tavares escreve como um jornalista: fluentemente e anonimamente. Quando quer ir mais longe e "fazer estilo", os resultados não se recomendam. Um exemplo ao acaso: "Parecia que Sevilha inteira flutuava com ele dentro de um carrossel de sensações, de excitação, rumo a um ponto qualquer onde tudo aquilo teria forçosamente de explodir num apocalipse."
O lugar-comum abunda: "as areias de Alcácer-Kibir" são "incandescentes"; a "beleza de Amparo" é "encandeante"; a actividade do Natal "é desenfreada"; a "continuidade das coisas" é "reconfortante"; o filho de Diogo "ensaia os primeiros passos"; as pernas de uma senhora são "bem desenhadas" e os olhos "grandes" e a boca "rasgada"; a mãe ama o filho "até ao absurdo"; o corpo da senhora já referida é "esguio e proporcionado"; as palavras "estrangulam a garganta" da mesma senhora; quando Pedro percebe que ela o vai deixar é "como se uma bomba tivesse acabado de rebentar dentro da cabeça dele"; "quem nunca sofreu por amor nunca aprenderá a amar. Amar é o terror de perder o outro, é o medo do silêncio e do quarto deserto...", etc., etc., etc.
Sempre assim.

Conclusão

Como romance histórico e político da primeira metade do século XX, uma alta ambição, o Rio das Flores vale pouco ou nada. Com a sua superficialidade e a sua ignorância (a bibliografia do livro mostra principalmente o que ele não leu, ou seja, quase tudo), Sousa Tavares repete a versão popular "esquerdista", sem "iluminar" a época e sem a perceber. Como romance de uma família, o Rio das Flores é pobre e vulgar. Há quem se entretenha com esta espécie de produto, mas não se trata com certeza de literatura.
Uma última observação: discuti neste artigo um livro e um autor, não estou disposto a discutir a minha pessoa ou a pessoa de Sousa Tavares.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

enfim, a verdadeira história da morte da Estrelinha

O repórter foi investigar, cruzou fontes e pode agora relatar mais desenvolvidamente o que se passou.
O Leo sempre fora um macho viçoso, cão de raça indistinta, talvez herdeiro de gerações de gladiadores.
Os seus passeios na praceta revelavam já antes personalidade efervescente, desafiante, o dente sempre pronto.
A pobre da Estrelinha era uma caniche pequena, delicada, sempre bem penteada, prendada.
Não pareciam feitos um para o outro.
Só que no sábado o Leo decidiu que tinha de ter a Estrelinha. O seu gesto de aproximação era como uma ordem, do género "hoje és minha, abre as pernas".
Mas a Estrelinha não sabia o que isso era. Assustou-se e latiu. Para o Leo só isso era demais. Dente no pescoço e adeus Estrelinha.
A Estrelinha nem chegou a entender. O seu latido era como que uma pergunta: "o que queres?"
O sangue jorrou na praceta e o Leo seguiu como se nada fosse, alçando a perna mais adiante e mijando orgulhoso para o mundo.

O dono encarou o caso como dono de gato que o vê matando rato. Uma perfeita normalidade. Ficou dividido entre a indiferença e o sentido de vocação cumprida. "O Leo é como eu, um verdadeiro macho", pensou.
Já a dona da Estrelinha, segundo consta, depois do estado de choque, dirigiu-se garbosamente ao dono do Leo para lhe dizer que "isto não fica assim, eu hei-de vingar a Estrelinha e espetar uma faca nos cornos desse assassino".
Parece que o dono do Leo rosnou e que o criminoso mostrou o dente e levantou o lábio.
Teme-se agora que aquele dente afiado mostrado tão a descoberto seja mau presságio, especulando-se que o perigo não espreite já somente canídeos mas também humanos emocionais, os mais frágeis e sensíveis.
Em suma, será que outros crimes se perfilam na praceta da Avenida de Roma, já chamada de praceta do Leo? Irá a dona da Estrelinha cumprir a ameaça, vingando a caniche?
Um sítio nada recomendável por estes dias, tenham pois cuidado.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O banho - David Fonseca

Filmado num único take!

Que bom para ele...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

militar canadiano em serviço, no Afeganistão


Quem escreveu "Os Lusíadas"?

Depois do "Apóstrofo", impunha-se colocar esta anedota, que infelizmente dever ter um fundo algo verdadeiro! É o estado de alguma da nossa cultura, não duvidemos...

Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá quem escreveu "Os Lusíadas"?
O aluno, a gaguejar, responde: - Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui. E começa a chorar.
A professora, furiosa, diz-lhe: - Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa: - Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu "Os Lusíadas" e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai: - Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante: - Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não. Imagine que perguntei a um aluno quem escreveu "Os Lusíadas". Respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar.
O comandante do posto: - Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damos-lhe um "aperto", vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este: - Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá ver. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu "Os Lusíadas". Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R. quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto?
O marido, confortando-a: - Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...!

O Apóstrofo para os mais novos!


Não está delicioso?

O assassínio da cadela Estrelinha

Estou há 48 horas sem saber o que se passou verdadeiramente com a cadela "caniche" Estrelinha. Vi noticiários televisivos, escutei a rádio à hora certa, comprei os jornais de referência ontem e nada.
Mas o crime aconteceu, no fim-de-semana passado, e, miseravelmente, só um jornal lhe deu a primeira página. Como já se esperava, esgotou logo a edição.
Alguém conhece os detalhes do Crime da Praceta da Avenida de Roma?

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Hugo Chavez, em casa, em Lisboa

Poderá ter chocado alguns a afectuosidade com que José Sócrates acolheu Hugo Chavez em Lisboa, esta noite.
Mas todos conhecemos as 600.001 boas razões que terão inspirado o nosso PM para este público flirt.

Em dois pequenos discursos que ensanduicharam o de Chavez, falou José aí umas 10 vezes nos portugueses residentes na Venezuela, no amor que têm à pátria que os acolheu e terminou dizendo algo como "Presidente Chavez, bem vindo à sua pátria. Queremos que se sinta como em sua casa".

Chavez levou à letra o convite e várias vezes levou a mão ao coração.

Mas entre duas idas da mão ao lugar onde nascem e morrem todas as paixões, el presidente usou o lencito, não para secar lagrimita sentida, mas para limpar as narinas. Tinha já várias vezes tossido e pareceu até rir-se, quando afinal o esgar era só esforço para não tossir de novo. O presidencial lencito colocou-o Hugo, depois de usado, no joelho esquerdo, aí ficando uns bons 2 minutos, à vista do mundo.
Estava mesmo em casa, no género que se espera de uma qualquer tasca portuguesa de Caracas.
Para ter estado tudo perfeito, só faltou que Chavez cantasse o fado.

Já Juan Carlos, é quase certo que se prepara para um poderoso j... (calão espanhol para o caracteristico f... português) quando voltar a cruzar-se com Sócrates. Atento o vigor revelado há dias no Chile, o José que se cuide que pode até levar um estalo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Foto do dia 19 de Novembro de 2007 (NG)



Porque a fotografia já foi para mim uma paixão, mostro-vos aquela que foi considerada a foto do dia 19 de Novembro de 2007 pelo site do National Geographic. Técnicamente é impressionante, e é inegável que nos transporta para outra realidade. Pelo menos a mim.
(Edimburgo - Escócia)


Já agora, esta foi a foto de ontem 18 de Novembro de 2007.
(Vietnam)

APELO A SANTO ANTÓNIO



O nosso porteiro falou tanto de política e "inté" visitou o antro deles, que achei graça a estes versos que traduzem o desejo da maioria dos "tugas". ;o)

Ó meu rico Santo António
Meu santinho Milagreiro
Vê se levas o Zé Sócrates
P'ra junto do Sá Carneiro

Se puderes faz um esforço
Porque o caminho é penoso
Aproveita a viagem
E leva o Durão Barroso

Para que tudo corra bem
E porque a viagem entristece
Faz uma limpeza geral
E leva também o PS

Para que não fiquem a rir-se
Os senhores do PSD
Mete-os no mesmo carro
Juntamente com os do PCP

Porque a viagem é cara
E é preciso cultivar as hortas
Para rentabilizar o percurso
Não deixes cá o Paulo Portas

Para ficar tudo limpo
E purificar bem a coisa
Arranja um cantinho
E leva o Jerónimo de Sousa

Como estamos em democracia
Embora não pareça às vezes
Aproveita o transporte
E leva também o Menezes

Se puderes faz esse jeito
Em Maio, mês da maçã
A temperatura está boa
Não te esqueças do Louçã

Todos eles são matreiros
E vivem à base de golpes
Faz lá mais um favorzinho
E leva o Santana Lopes

Isto chegou a tal ponto
E vão as coisas tão mal
Que só varrendo esta gente
Se salvará Portugal

E como o carro vem vazio
E é preciso poupar
Traz de volta o nosso tio
O Professor Salazar

E para este não vir sozinho
Mais um ou dois não faz mal
Por também fazer falta
Traz o Marquês de Pombal!

domingo, 18 de novembro de 2007

Carago...


Caros,

Recomendo vivamente uma visita a http://http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/index.asp e uma pesquisa sobre um tal de Motel Flamingo lá para os lados da Perafita (Matosinhos) (não esquecer de ver a totalidade do artigo o que inclui a reportagem fotográfica).

Cristo, que bom que será viver lá para as bandas do norte, têm-se o FCP e o Pinto da Costa as gaijas também os murcões (a propósitio não temos tido a visita do dito !), as francesinhas e agora esta maravilha nortenha... carago ! A que horas parte o próximo Alfa Pendular...

sábado, 17 de novembro de 2007

o efeito que as pizzas têm na mente

Todos terão ouvido falar daquele dono de uma conhecida rede de pizzerias em Itália que decidiu viver um mês com o salário médio dos seus trabalhadores, 1.000 Euros. Como a mulher estava também com ele na empresa, compôs o agregado com outros 1.000 Euros para ela.

Parece que, mesmo com todos os sacrifícios, o dinheiro se lhes acabou no dia 20.

O interessante é que, constatando o óbvio, resolveu aumentar de 200 Euros o salário dos seus trabalhadores, o que me levanta a seguinte perplexidade: se lhe faltou dinheiro para um terço do mês, por que raio só aumentou os salários em 20%, como se os meses tivessem 24 dias, quando todos sabemos que às vezes parece terem mais de 50?

Esta história lembrou-me algo que testemunhei há uns 20 anos, quando o Rui, um amigo e funcionário de uma empresa próxima de mim, se insurgiu um dia veementemente para se queixar do seu baixo salário e acabou tendo pena do seu chefe - a quem se queixava - por este descontar muito mais escudos do que quantos ganhava todos os meses o Rui. "Nunca tinha pensado nesta injustiça, coitado do Sr. Zé Rodrigues", disse depois este meu amigo.

os clips do porteiro: Xutos e Pontapés, "Sémen"

Muitos não saberão, mas esta foi a cançoneta que iniciou o ciclo editorial dos Xutos, algures por fins de 1981.
Os meus ouvidos escutaram a primeira audição pública, no célebre "Rolls Rock", do FM da Rádio Comercial, realizado por António Sérgio.
E tenho o single, salvo erro ganho ao telefone com o António Sérgio, grande divulgador e o primeiro produtor e editor dos Xutos.

O meu reconhecido bom gosto

Tem sido soezmente insinuado uma inclinação deste escriba por cantoras de cabaret de terceira, assim se fazendo perigar o meu bom nome e, sobretudo, a minha reputação e longo historial de homem de bom gosto e comprovados elevados padrões e sucessos.
Esclareço publicamente - e ameaço já com açoite psicológico intenso quem disso duvidar - que os meus cânones, apesar de todas as adversidades, se continuam a estabelecer a nível muito, mas muito acima, algures entre Hollywood, Monte Carlo e o Clube ! (chk).
Sem cedências, com coerência, sempre para mim a melhor, eis o meu lema.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

o Stress de tratar bem o corpinho!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Recebi este texto sobre os hábitos que a publicidade (e não só), nos tenta incutir! Não sei quem é o autor, mas está muito bom. É de ficar com os cabelos em pé!!!!!!!!!!!!!!!!!


"Dizem que todos os dias temos que comer uma maçã para o ferro e uma banana para o potássio. Também uma laranja, para a vitamina C, meio melão para melhorar a digestão e uma chávena de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.Todos os dias temos que beber dois litros de água (sim, e logo a seguir mijá-los, que leva quase o dobro do tempo que os leva a beber). Todos os dias temos que tomar um Activia ou um iogurte para ter 'L.Cassei Imunitass', que ninguém sabe exactamente que merda é que é, mas parece que se não ingerires um milhão e meio todos os dias começas a ver toda a gente com uma grande diarreia ou presos dos intestinos. Cada dia uma aspirina, para prevenir os enfartes mais um copo de vinho tinto, para a mesma coisa. E outro de vinho branco, para o sistema nervoso. E um de cerveja, que já não me lembro para que era. Se os tomares todos juntos, mesmo que te dê um derrame cerebral ali mesmo, não te preocupes pois o mais certo é que nem te dês conta disso. Todos os dias tens que comer fibras. Muita, muitíssima fibra até que sejas capaz de defecar uma camisolona bem grossa. Tens que fazer quatro a seis refeições diárias leves sem te esqueceres de mastigar cem vezes cada garfada. Ora, fazendo um pequeno cálculo apenas a comer vão-se assim de repente umas cinco horitas. Ah, depois de cada refeição deves escovar bem os dentes, ou seja:
depois do Activia e da fibra, os dentes, depois da maçã os dentes, depois da banana os dentes e assim sucessivamente enquanto tiveres dentes sem te esqueceres nunca de passar o fio dental massajador das gengivas e bochechar com PLAX... Melhor, amplia a casa de banho e põe a aparelhagem de música lá porque entre a água, a fibra e os dentes vais passar horas quase metade do dia ali dentro.Equipa-o também com jornais e revistas para te pores a par do que se passa enquanto estiveres sentado na retrete.

Temos que dormir oito horas e trabalhar outras oito mais as cinco que usamos a comer, faz vinte e uma.Restam três horas sempre que não surja algum imprevisto.Segundo as estatísticas, vemos três horas de televisão diárias.Bem, já não podes porque todos os dias devemos caminhar pelo menos uma meia hora (dado por experiência: ao fim de 15 minutos regressa senão andas mas é uma hora!).E há que cuidar das amizades porque são como uma planta: temos que as regar diariamente.E quando vais de férias, também, suponho, senão as plantas morrem nas férias.Para além disso há que estar bem informado e ler pelo menos um dos jornais diários e outro de uma revista séria para comparar a informação.Ah! E temos que ter sexo todos os dias mas sem caír na rotina: temos que ser inovadores, criativos, renovar a sedução.Isso leva o seu tempo. E já nem estamos a falar do sexo tântrico!! (A respeito disso, relembro: depois de cada refeição temos que escovar os dentes!)


Também temos que arranjar tempo para a maquilhagem, a depilação/fazer a barba, varrer a casa, lavar a roupa, lavar os pratos e já nem falo dos que têm gatos, cães pássaros e uma catrefada de filhos...No total, a mim dá-me umas 29 horas diárias se nunca parar.A única possibilidade que me ocorre é fazer várias destas coisas ao mesmo tempo: por exemplo, tomar duche com água fria e com a boca aberta, e assim beber logo os dois litros de água de uma vez.Enquanto sais do banho com a escova de dentes na boca, vais fazendo o amor, o sexo tântrico, parado junto ao teu mais que tudo, que de passagem vê TV e te vai contando o que se passa, enquanto varres a casa.Sobrou-te uma mão livre?Telefona aos teus amigos e aos teus pais!Bebe o vinho (depois de telefonares aos teus pais vai fazer-te falta!).O iogurte com a maçã pode dar-te o teu par enquanto ele come a banana com a Activia.No dia seguinte troquem.E menos mal que já crescemos, porque senão tínhamos que engolir mais umas cerelacs e um Danoninho Extra Cálcio todos os santos dias.


Úuuuf!
Mas se te restam 2 minutos, envia este texto aos teus amigos (que temos que regar como as plantas) enquanto comes uma colherzinha de Muesli ou All-Bran, que faz muito bem...E agora vou deixar-te porque entre o iogurte, o meio melão o primeiro litro de água e a terceira refeição do dia já não faço a mínima ideia oque é que estou a fazer porque preciso urgentemente de uma casa de banho.Ah, vou aproveitar e levo comigo a escova de dentes..."

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Tango

O Vítor tem colocado muitos tangos aqui no blog e eis o que está por detrás desta dança/música.

O tango pode ser um dos ritmos de dança mais sensuais e está entre os preferidos por dançarinos de todo o mundo. É uma dança de "pasion" e desejo, com um ar dramático e furtivo entrelaçado com movimentos fortes que tornam esta dança ou música difícil de resistir.

Durante muito tempo, o tango foi uma dança proibida, pelo facto dos casais se apresentarem com os rostos bem colados e em passos sensuais. Reabilitado, foi moda na Europa no início da década de 1900. O segredo residiu em adoptar uma postura considerada mais correcta, conseguindo também executar os movimentos sensuais e de gato que o caracterizam.


No tango europeu, que segue o estilo idealizado na França, o cavalheiro apenas conduz a dama pelo salão, seguindo a marcação da música, quase que marchando com muitos movimentos de cabeça para os lados. Já o argentino compreende alguns rodopios e malabarismos com as pernas, chamados de corte.

Apesar de actualmente ser conhecido como um ritmo característico da Argentina (Buenos Aires e Montevidéu), há quem diga que a origem do tango está em África e defendendo que os escravos negros levados de lá para a América Central, levaram consigo os seus principais costumes, entre os quais uma dança denominada Tangano.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

De sapo a príncipe...

Quem é este totó? Dizem vocês!!!

É um dos maiores e mais desejados sex-symbols da actualidade (Patrick Dempsey)! Há pois, é! O sapo virou príncipe e hoje é um verdadeiro quebra corações com o seu charme e sensualidade! Penso que fez cirurgia plástica ao narizito, mas depois de ver o resultado final "Who cares?". Todos nós temos fotos de que não nos orgulhamos, mas este senhor coitado deve mesmo querer esquecer estas fotos. Tão feinho e sem graça que ele era, tão giro e charmoso que é agora!!!!








terça-feira, 13 de novembro de 2007

No se me cantam los cataplines !!!


Caros membros do já muito famoso Clube chk,

Algum dos seus ilustres membros já começou a interiorizar a ideia de que estamos a pouco mais de um singelo mês do Natal ! pois é o Natal... e já agora algum dos digníssimos membros deste selecto e próspero Club chk, já começou a interiorizar a ideia de que daqui a ca. de 48 dias, mais dia menos dia, estamos em 2008 ! pois é o Reveillon.

E já algum dos nossos distintos membros tem alguma ideia onde vamos passar essa bela noite... por certo não a comer nada Tailandês e tão pouco a ouvir batucadas inusitadas em tão auspiciosa noite.

Pois é, vamos lá a organizarmo-nos para que se combine com tempo e opções qb o nosso Reveillon.

Cruzemos ideias por favor.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

domingo, 11 de novembro de 2007

hoje é o Dia da Memória, no Reino Unido

transcrevo do Público on line:

"Papoilas vermelhas sobre um jardim de cruzes assinalam o Dia da Memória, que se comemora hoje, no 89ª aniversário do armistício que pôs fim à I Guerra Mundial. A data tem grande visibilidade no Reino Unido, onde são homenageados os soldados mortos nos vários conflitos em que o país esteve ou está envolvido."

Foto: Dylan Martinez/Reuters


A simbologia da Papoila vermelha (que vemos na lapela das mais variadas figuras públicas britânicas, há já semanas) teve por inspiração este belo poema, de John McRae:


"In Flanders Fields

In Flanders fields the poppies blow

Between the crosses, row on row,
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.

We are the Dead. Short days ago
We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved and were loved, and now we lie
In Flanders fields.


Take up our quarrel with the foe:
To you from failing hands we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die
We shall not sleep,
though poppies grow
In Flanders fields."


Pensa-se que John McRae escreveu este poema, ou pelo menos o seu esboço, no mesmo dia em que morreu, vítima de uma bomba alemã, o seu amigo e camarada de trincheira da famosa 2ª batalha de Ypres, na Bélgica, o tenente Alexis Helmer. Seria o dia 2 de Maio de 1915.

Canadiano em combate pelas tropas britânicas, médico militar, o major McRae evoca no poema a coexistência entre vida e morte, com as cruzes dos cemitérios em combate dispostas bem no meio dos viçosos campos de papoilas da região de Ypres, na Flandres.





Toca-me especialmente esta celebração, pois também o meu avô, Francisco António dos Reis, combateu em Ypres, na igualmente famosa batalha de La Lys, em 1918, integrando o CEP - Corpo Expedicionário Português.

Foi este, talvez, um dos mais dramáticos episódios da história militar portuguesa, com cerca de 7.500 mortes portuguesas ocorrendo em um só dia, a 9 de Abril, também às mãos dos alemães.

Como se depreende pela ainda existência deste escriba, o meu avô Francisco sobreviveu a esse terrível dia.

G and the Storytellers

Fique o pessoal do Clube ! a saber que, quem ontem não esteve ao fim da tarde no parque de Telheiras, perdeu uma excelente oportunidade de conhecer um projecto musical de refinado bom gosto e de passar uma boa hora de interessante experiência espiritual (cultura é sobretudo espírito, não é?).

G and the Storytellers começa por ser um nome engraçado e quase original (já houve G. Love and the Special Sauce) para uma ideia, um desígnio cultural, em que todos parece poderem sair a ganhar.
É claro que Gonçalo Abrantes, o compositor e líder vocal, é a referência central, aliás brilhante, do som mostrado. Só que o seu potencial estético precisa da força multi-instrumental que o Simão Martins e o João Francisco lhe podem trazer, assim diminuindo o risco de se tornar um puro projecto romântico, zona perigosa, pela ameaça de banalidade, que o Gonçalo quase ultrapassa quando está nas suas baladas a solo.

Se a experiência decisiva que fica é ouvir a magnífica voz do Gonçalo (é verdade que com evidentes pontos de contacto com a voz universalmente admirada, por maravilhosa, de Antony), que é uma boa revelação escutar alguns dos seus belos arranjos e a sua inegável capacidade composicional, interessa-nos também testemunhar que os dois ex-Skizz estão já num registo de outra maturidade, idealmente ambos a caminho de ainda melhor partilharem a condução criativa do projecto, trazendo-o talvez para um registo mais rítmico, mais Pop e menos crooner, para utilizar um palavrão de gíria.
Não faltam referências úteis para uma possível inspiração do som futuro. Ocorrem-me quatro: Pulp, Blur, Prefab Sprout e Dead Combo.

Mas que o som que já existe é bonito, sedutor e fortemente encorajador, lá isso é.

Fica uma constatação/sugestão ao clã Martins: este é o som óbvio para banda sonora da exposição de Constância. E porque não também um concerto no dia de lançamento?

sábado, 10 de novembro de 2007

Convite para hoje às 19h

Meus caros e (chk) colegas e amigos

Como papá baboso que sou, venho convidar-vos a assistir ao concerto do novo projecto musical em que o "meu mais velho" toca guitarra(s) e viola de arco. O concerto está inserido no I Festival de Telheiras, cujo programa anexo.

E meus meninos e meninas a verdade é esta: Isto vai ser em Telheiras, finérrimo não acham? Agora que até somos chiques ou (chk). Vá lá, apareçam por volta das 18 para tomarmos uma bebida e depois quem quiser ainda vai ao jantar do Bruno às 20/20h30.

Festival jovem de Telheiras
Vai ter lugar no próximo fim de semana, dias 10 e 11 de Novembro, o I Festival de Telheiras, organizado pelo grupo ART Jovem, a ter lugar nos Jardins da Praça Central de Telheiras, junto à estação do Metropolitano.

Num colorido folheto profusamente afixado no bairro, apela-se à participação dos moradores em actividades para toda a família, entre as 14h30 e as 19h30, desde a feira da tralha, desporto, workshops, concertos, actividades para crianças e comes e bebes.

Toda a organização é da responsabilidade de um grupo de jovens residentes em Telheiras.

Do programa destaca-se, no sábado, workshops de Hip-hop e Tai-chi, leituras infantis e dois concertos por bandas locais. No domingo, novos workshops de Hip-hop e de Yoga, e dois novos espectáculos musicais com intérpretes jovens.

A entrada é livre.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

levantem-se ó laços com classe, contra o desânimo




(o fim d)a minha tarde no Parlamento


Afinal, ainda não foi desta que os meus “mocassins” foram postos à prova e o meu comportamento pareceu deixar descansados os homens da segurança pública.

Escolhi a segunda fila da galeria 1, logo por detrás da área para fotógrafos e camera men (da RTP e da SIC). Palpitei que ali podia haver acontecimento. E houve mesmo.
É que o pobre do ministro Manuel Pinho nem imagina o quão intensamente foi a sua sonolência sendo documentada. “Lá está ele, já recomeçou”. Riam-se contidamente os media men e click, click, click.
Mas o Manuel Pinho tem mesmo uma forma bem peculiar de dormitar. Fecha os olhos, os braços cruzados, o pescoço erecto, o corpo em postura atentíssima. Mas os olhos fechados. Por vezes abre o olho direito, investiga, roda 10º a cabeça e fecha de novo o olho. O direito. O esquerdo sempre fechado. Tudo isto virado escancaradamente para a assembleia e as galerias. Ás vezes lá coloca a mão esquerda, para melhor suportar o esforço.

Já o Pedro chegou 10 minutos antes do seu momento para discursar.
Nervoso, vergado, ansioso. Sobe as escadas, chega-se ao púlpito e logo ao habitual tumulto da sala do palácio se substitui num repente o silêncio, como se fosse missa e tivesse chegado o bispo.
Há de facto qualquer coisa de especial no Pedro, uma aura, uma carga dramática, uma capacidade teatral que poucos em Portugal conseguem assim impor às audiências.
Fez um discurso como é de sua arte, aos solavancos nas ideias e argumentos, mas em crescendo de decibéis, em crescendo de gesticulação, e definitivamente ancorado no passado, no seu passado.
Esteve o Pedro vibrante.
A bancada PSD aplaudiu no final com intensidade, todos menos um em pé, como se acarinha o bandarilheiro que acabou a sua faena. Cheguei aliás a esperar que alguém o levantasse em ombros.
Mas de facto, consideração de vizinho à parte, nada disse o Pedro que em outras bocas não passasse por um chorrilho de banalidades.
Mas é assim o Pedro. Nele é tudo cena, palco, holofotes, microfones, público.
O Pedro é um animal de multidões. Que importa o que diz se o diz tão bem, tão sinceramente, o tom tão grave e tão determinado? O povo (mesmo o povo parlamentar) adora sentir a determinação. Pode ser asneira, mas se for proclamada com determinação soa sempre bem. E o Pedro é um autêntico herói romântico, tal qual um guerreiro senhorial japonês de há 500 anos.
Discursou e saiu. Tinha feito o seu papel. Quase todos os outros parlamentares ficaram.
Sem o Pedro na sala, já pouco adiantava a minha presença. Senti que cumprira o meu papel de bom vizinho.


Já nas escadas, dei comigo a pensar no que se passou com o super boxeur Mike Tyson, que disputou o seu último combate com Lennox Lewis, em 2002, uma década depois do seu período de reinado e esplendor. Mike caiu então sovado e humilhado que nem principiante e acabou a noite com um nunca compreendido gesto, ao limpar com o seu dedo uma pinga de sangue no rosto do seu carrasco. Terminou em sangue, caída no tapete e desfeita numa noite a glória do maior boxeur do nosso tempo. Muitos leram ali um espírito de querer o herói “morrer onde matei”. Dedica-se hoje à criação de pombas, parece. Não sei se o Pedro conhece a história.

Ânimo a todos nós!

Hoje, alguns, senão 99%, dos Bloguistas deste CLUBE estão a precisar duma injecção de ânimo!

Dum abraço








Dum sorriso

e se possível que este se transforme em gargalhada






Ei-los!...

Beijos a TODOS!

Vai onde a boca te leva!









Aqui fica a nota para abrir o apetite aos mais gulosos, em especial para os nossos Vítor e Luís!
Mais pormenores em http://docesconventuais.terradepaixao.net/
até tem receitas....a broa de ovos parece-me muito bem!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A bela e o monstro

Há quem saiba da minha relação com a Fátima Campos Ferreira. É das coisas de que não faço mesmo segredo. Ela é que ainda não sabe. Mas isso um dia resolve-se.
Menos pontual do que me é costume, só ontem, insónia adentro, pude ver a gravação do “Prós e Contras” da segunda-feira passada.
E não é que de repente me dou conta de que estava lá, no auditório, o Manuel 25?! Ainda por cima em pose de ataque, o colarinho semiaberto, óculos escuros e tudo?
Perguntará o leitor quem é o Manuel 25?
O Manuel Jerónimo terá hoje uns quase 70 anos e preside a uma qualquer confederação de pensionistas e idosos.
Mas aqui há uns anos o Manuel, homem nascido no Bairro da Boavista e residente na Brandoa, foi um tipo importante na secção do PS da Amadora e, terceiro suplente que era da lista por Lisboa (numa ocasião em que todos os anteriores tinham sido chamados para ministro, secretário de estado ou director-geral), quis o azar da nação que chegasse a deputado. Falamos daquela era em que o PS se especializava em elites do género, como o também célebre cantoneiro de Rãs, o Tino.
Deliravam os jornalistas então com o que seria a primeira intervenção do novel deputado Manuel 25 e nunca mais ela sucedia. Estava-se em 1996, creio, e só depois de largos meses, muitos clamores da Amadora e inúmeras resistências dos dirigentes PS, se chegou o Manuel à tribuna.
Cito de memória:

“Senhoras deputadas e senhores deputados. Tenho muita honra em que finalmente se dê a voz ao representante da Amadora, que sou eu, o Manuel 25. Acho que devo começar por explicar porque é que me chamam Manuel 25. É que eu tenho um dom especial, que a natureza me deu e deve ser por isso que lá os amigos e as amigas – sorriso largo no seu rosto quando mudou o género - me chamam o Manuel 25, ou só o 25”.

Consta que houve largo número de deputadas e até um ou outro deputado com visíveis convulsões no hemiciclo (hemiciclo não é piada).

Percebem agora a minha preocupação desta madrugada?
Então e a dada altura não é que decide a Fátima descer do palco e dirigir-se ao Manuel? Tivesse sido em directo e ainda eu tinha telefonado a prevenir: cuidado com a distância mínima recomendável! Mas não. Discursou o Manuel ao seu melhor nível de fadista marialva e manteve sempre a Fátima distância prudente. Prudente em centímetros, quero eu dizer.

Uma tarde no Parlamento (I)


Tinha planeado ir esta semana ao Algarve, a Olhão, para finalmente comer o Arroz de Lingueirão que este ano em Lagoa e em Lagos escandalosamente não me ofereceram.
Mas na terça-feira tive um sobressalto. O Pedro Santana Lopes, já por duas vezes meu vizinho, estava em dificuldades.
Empossado de fresco como líder parlamentar do PSD, foi engolido, digerido e expelido em três tempos pelo verbo avassalador do primeiro-ministro.
Eu tinha de fazer alguma coisa.
Por isso, na quarta-feira, entre o Arroz de Lingueirão ou ir ajudar o Pedro, decidi-me obviamente pela segunda hipótese.
É preciso esclarecer em que circunstâncias foi o Pedro meu vizinho.
Primeiro, quando vivia com a Cinha, ou a Cinha com ele, na Rua de Santo António á Estrela. Tinha o infeliz de pagar um apartamento com renda de 500 contos por mês, tarefa nada fácil para quem pouco mais então ganharia como secretário de estado.
Foi vizinho ainda mais perto o Pedro quando começou a trabalhar como advogado em escritório da minha rua, a Travessa de Santo Ildefonso. Foi nessa altura que começou também a namorar a Catarina Flores, que morava no mais belo prédio da Rua de S. Bernardo. Era enternecedor observar o Pedro, tão diligente e romântico, sendo frequente vê-lo a levar o cãozinho da Catarina pela trela.

Ora lá fui eu na quarta-feira ao Parlamento, como não fazia há uns 20 anos.
Fiz fila junto ao Palácio, uns 20 minutos antes das 3 da tarde e experimentei aí uma nova categorização para a minha pessoa. Passei a ser um “individual”. Era o território da PSP, dos “walkie-talkies”, das divisas que nunca conheço, das grandes tensões da treta a bem da segurança da nossa elite e das conversas em código de nível do Intendente ou do Casal Ventoso (conheço bem o segundo, previno já).
E eu de ganga, a fralda fora, a barba por fazer.
Havia mais 14 “individuais” para subir às galerias, humanos quase todos compostos, com gravatinha e blazer.
Estava eu à porta, em fila, passa o deputado Luís com a deputada Helena e “boa tarde senhores deputados”, elabora o mui divisado PSP organizador dos “individuais”. Estaca-se o deputado, olha para mim e dispara um típico “’tás bom?”. Respondo com um talvez demasiado sonante “’tás bom Luís?”. Aí o PSP olha-me gravemente, como que censurando um tratamento tão impróprio dirigido por um “individual” a um senhor deputado.
Percebi então que acabara, talvez, de proporcionar a ilustração do meus traços físicos e indumentários a jusante, quem sabe se para prevenir outros tratamentos informais, da galeria para a Câmara, isto é a bem da nação.
Depois de me despojarem os PSP’s de tudo, óculos de sol, blusão de ganga (reconheço que não era a indumentária mais apropriada, talvez por isso), chaves do carro, carteira, telemóvel, subi ao terceiro andar e perguntei ao primeiro polícia que encontrei pelo WC. Resposta pronta e sisuda: “é xó um bocadinho que eu já faxo uma alocuxão xobre temas importantes como exe”.
Daí a minutos, o boné posto em leve obliquidade e lá viria a ansiada explicação sobre onde ficavam os WC e sobretudo três insistências na proibição de os “individuais” se dirigirem da galeria à Câmara de algum modo, ou menos ainda manifestarem-se com comentários ou palmas. Em duas das três vezes notei que olhou para mim, avisado talvez, não fosse eu lembrar-me de um “’tás bom Pedro?”, ou, pior ainda de um “’tás bom Zé?”. Eu que quanto muito seria capaz de um “’tás bom Francisco?”, ou de um “’tás boa Helena?”. Mas isso os senhores PSP’s não sabiam.
O certo é que eu era na quarta-feira um “individual” sob apertada observação.
Pelo sim pelo não fui procurando lembrar-me das tácticas de fuga dos filmes dos anos 70 de “dirty” Harry/Clint Eastwood. Vejam lá a minha veia premonitória, não é que tinha levado calçados os meus melhores “mocassins”?

O nosso 2.0 é agora o Clube ! (lê-se chk)

O endereço mantém-se, mas o nome está em mudança.

Somos agora o Clube ! (chk), um nome já a preparar o futuro em que tenhamos um clube mesmo à séria, moradia do género com salão, indumentária refinada, mesas de jogo, máquina de café e um porteiro daqueles que impõem respeito. Então sim.




Mudámos de camisa, desviámos o risco no cabelo da esquerda para a direita, mas somos os mesmos. Ou antes, seremos melhores. Vamos lá ver se sim.

Viva o Clube ! (chk), pá.

Parabéns Atrasados ao Porteiro!!!!....

Confesso que queria colocar este post no grande dia - 05 de Novembro! Mas para animar o porteiro, tinha de ter o bolo ideal e esse não foi nada fácil de arranjar!... Um bolo banal não podia ser, mas um decorado com um urso como o que achei hoje, sem dúvida compensará o atraso! Pois é, o nosso porteiro adora ursos e eis um bolo especial só para ele.
E agora temos todos de cantar esta adaptação: Parabéns a você, "na outra data" querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. Dia 5 foi de festa, cantam as nossas almas, para o porteiro Vítor, uma salva de palmas...

CLAP, CLAP, CLAP! CLAP, CLAP, CLAP! CLAP, CLAP, CLAP! CLAP, CLAP, CLAP! CLAP, CLAP, CLAP!

YYYEEEEEEEEE!!!!!!!!!!!

Beijos e Abraços, em nome de todos querido amigo