Das que se vive, das que se sentem, das que se comem, das que se bebem, ...e de todas as outras também!
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Há pessoas que são grandes, grandes, como que possuídas de um sentido de missão que as multiplica na grandeza, que lhes confere um valor de outra dimensão à sua vida e que torna por sua vez os nossos pequenos problemas tão mais irrelevantes.
É dessa grandiosa matéria-prima que Benazir de há muito me parecia feita, como bem se pode perceber escutando-a na sua impressionante reacção ao anterior ataque suicida, há 2 meses. São cerca de 12 minutos que vos convido a roubarem ao V. lazer, dedicando-os à sua memória.
Talvez por isso, porque esta grandeza é mortífera para a corrupção, para as máfias, para a criminalidade institucionalizada nos poderes mais ou menos informais das sociedades a Oriente - no Paquistão levada ao governo institucional e entronizada pelos Serviços Secretos e pelos militares, por sua vez provavelmente pagos e instigados pela Síria, Arábia Saudita, Al Qaeda e por outras associações criminosas mais ou menos orgânicas - foi seguramente por isso que Benazir tinha uma sentença de morte traçada. Parecia apenas uma questão de tempo.
Mulher, bela, demasiado ocidentalizada para o seu meio, isto é demasiado revolucionária nos valores, demasiado livre, perigosa e excessivamente democrática para aquele mundo de trevas que é em grande medida o Médio-Oriente, Benazir pode ainda vir a ser uma referência, se os democratas no Paquistão conseguirem prevalecer e se os democratas do mundo encontrarem melhores formas de romper o cerco da semi-barbárie que ainda domina aquela região.
Oxalá que a coragem desta grande mulher tenha valido a pena, na sua abdicação da liberdade individual, do seu conforto, da sua família, da sua vida. Oxalá que, para todos os que prezamos a vida, a liberdade, os valores básicos da dignidade dos homens e dos povos, que a todos nos sirva de lição e que percebamos melhor que há grandes causas no mundo que precisam de grandes líderes e que há pequenos gestos que todos podemos ter, deplorando e denunciando a presumivel impunidade dos miseráveis assassinos de Benazir, ou quando elogiarmos o exemplo de cidadania e heroicidade desta grande mulher.
Um dia, Beethoven compôs esta maravilhosa sonata, "Für Elise", procurando que ela espelhasse sobretudo a grandeza de Elise, o seu amor de então.
"Für Elise" é hoje, seguramente, dos momentos máximos do lirismo na música, mas é ao mesmo tempo um instrumento bem adequado para que aqui no Clube se elogie a tua grandeza enquanto amiga, enquanto pessoa, enquanto Anabela. Ou seja, porque merecias o melhor, tinha de se ir procurar o melhor de um dos maiores poetas em música de sempre, "Für Anabela".
Tomara muitos poderem gabar-se deste nível, desta pinta, deste toque tão chique (chk).
Aqui temos uma Polémica à antiga. Vasco Pulido Valente vs Miguel Sousa Tavares.
Estava anunciada, mas não se sabia quando iria estoirar.
Tinha havido uns tiritos, coisa pouca, nas entrevistas ao Expresso que ambos tinham dado nas últimas semanas, mas faltava a primeira bomba.
Pois este sábado, no jornal Público, Vasco Pulido Valente "deu uma tareia, uma autêntica sova" no «Rio das Flores», último livro do Miguel Sousa Tavares.
Algo me diz que isto vai aquecer e espera-se ansiosamente pela resposta de MST.
Se isto animar a sério pode acabar tudo à pancada, apesar de VPV no seu artigo deste sábado terminar assim: «Uma última observação: discuti neste artigo um livro e um autor, não estou disposto a discutir a minha pessoa ou a pessoa de Sousa Tavares».
Muitos não saberão, mas esta foi a cançoneta que iniciou o ciclo editorial dos Xutos, algures por fins de 1981.
Os meus ouvidos escutaram a primeira audição pública, no célebre "Rolls Rock", do FM da Rádio Comercial, realizado por António Sérgio.
E tenho o single, salvo erro ganho ao telefone com o António Sérgio, grande divulgador e o primeiro produtor e editor dos Xutos.